Trata-se do assassinato em Timon (terceira maior cidade do Maranhão, a 434 km de São Luís) do radialista Jorge Vieira(foto), vitimado por sicários que o balearam no dia 23 de março de 2001, causando-lhe a morte uma semana depois.
Vieira tinha um programa de rádio em que atacava violentamente o prefeito Chico Leitoa (PDT), hoje deputado estadual, então começando seu segundo mandato consecutivo em Timon. Fora ameaçado de morte e falara disso aos amigos e ouvintes.
Desde o princípio, todo mundo sabia que o caso era político. Ou Vieira fora atacado por pessoas do grupo de Leitoa, ou, numa hipótese mais complexa, logo defendida pelos amigos do prefeito, por pessoas interessadas em incriminá-lo.
O inquérito policial rapidamente identificou Geraldo da Silva e Silva, “guarda-costas” de Leitoa, como chefe do grupo que agredira o radialista e, ante a reação dele, terminara por baleá-lo. Como mandantes, o delegado Paulo Márcio indiciou Leitoa e dois de seus secretários, entre outros.
Em mais de uma oportunidade, o Colunão apontou incorências na acusação ao prefeito. Não havia indícios consistentes, nenhum precedente o ligava à violência e de resto não parecia razoável que mandasse bater ou matar depois de vencida a eleição e quando já movia uma ação penal contra Vieira. Também parecia esquisito que outro dos indiciados fosse acusado de haver emprestado uma arma registrada, de sua coleção particular, aos criminosos — a perícia técnica não confirmou a versão. Hoje em dia há quase consenso de que não foi Leitoa, embora muitos suspeitem que ele sabe quem foi.
Cherchez la femme
Com a intervenção do Ministério Público nos procedimentos investigatórios, Polícia e promotores de Timon chegaram à conclusão, mais adiante, de que o principal mandante fora Maria Bernadete Ferreira, mulher de Leitoa.
No total, o MP denunciou sete pessoas pelo assassinato, três das quais foram condenadas: Geraldo da Silva e Silva, a 19 anos de reclusão; Raimundo Teles de Sousa Vidal, 18 anos, e o soldado João Matias Pinheiro, da PM do Piauí, seis anos em regime semi-aberto.
Já Maria Bernadete, o então secretário Dolival Pereira de Andrade e a funcionária municipal e governanta do prefeito, Maria Deusa Pires da Silva, conseguiram trancar a ação no TJ (Tribunal de Justiça), mediante habeas corpus. Nunca foram a julgamento.
Jorge Vieira virou nome de fórum. Sua viúva, depois de agredir fisicamente a mulher do ex-prefeito, mudou de lado e converteu-se em cabo eleitoral de Leitoa.
Fica a pergunta: a mando de quem o capanga Geraldo da Silva Silva e seus comparsas atacaram e mataram o radialista?
Eis aí mais uma questão que deveria interessar aos organismos defensores dos direitos humanos. Jorge Vieira, morto sem sepultura, alma penada no fórum de Timon, aguarda a resposta.
(com infromações Walter Rodrigues)
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