quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Há um elo entre a corrupção no Amapá e a do Maranhão

Aluízio Mendes Filho é figurinha carimbada do clã Sarney. Depois virou presença constante das páginas policiais, como veremos mais adiante. Policial Federal, optou por ser uma espécie de factótum da famiglia. Faz de tudo um pouco, inclusive transformar-se em espião de sua própria corporação para tentar salvar Fernando Sarney de investigações e da prisão.

Não pode reclamar. Como segurança do capo Sarney obteve algumas vantagens. O diabo é a imprensa (que segundo Zé Dirceu tem liberdade excessiva no Brasil), essa estraga prazeres. Não fosse pela imprensa e a estudante Gabriela Aragão Guimarães Mendes ainda estaria como funcionária fantasma do Senado. Ela foi nomeada por Agaciel Maia como assessora parlamentar do gabinete de Sarney. No entanto, dava expediente como estagiária na Caixa Econômica Federal. Gabriela, conforme o sobrenome, é filha de Aluízio Mendes.

Quando Roseana Sarney assumiu o governo do Maranhão, Aluísio Mendes Filho foi remanejado de Brasília para São Luís e nomeado secretário-adjunto de Inteligência da Secretaria Estadual de Segurança Pública, o que lhe colocou no colo o sistema de grampos do órgão.

O jornal O Estado de S. Paulo, em matéria publicada nesta semana, diz o seguinte: “Sarney é ainda apontado como suspeito de ordenar a contratação de um helicóptero para o Grupo Tático Aéreo (GTA), contrato que o assessor jurídico afirma ser “absurdo” e fraudulento. O gasto com o aluguel do helicóptero chega a R$ 300 mil mensais, incluindo despesas pagas pelo Estado como combustível e salário dos pilotos. No depoimento, Lima afirmou que “Aldo não tem influência sob o contrato do helicóptero GTA” e que acredita que o caso seria “diretamente” com Sarney”. 

O que o jornal não disse é que Aldo Ferreira, ex-superintendente da Polícia Federal do Amapá, transformado depois em Secretário de Segurança e agora preso sob suspeita de corrupção, é muito ligado a Aluízio Mendes. O leitor descobrirá, ao longo da matéria, que o esquema que gerou corrupção e prisão na Secretaria de Segurança do Amapá tem vínculos indiscutíveis com o do Maranhão.

Por exemplo: foi Aluízio Mendes quem criou o Grupo Tático Aéreo (GTA) do Amapá, mesma fórmula e mesmo nome do do Maranhão. Mas não fica por aí.

O gasto com aluguel que o assessor jurídico em depoimento afirmou ser um absurdo, tinha como beneficiária a empresa do Rio Grande do Sul PMR Táxi Aéreo e Manutenção Aeronáutica S.A. Mesma empresa que no Maranhão substituiu a Flyone quando Roseana Sarney assumiu o governo e Aluízio Mendes se transformou em secretário-adjunto de Inteligência da Secretária de Segurança do Maranhão.

Em abril de 2009, quando o TSE presenteou Roseana Sarney com o Governo do Maranhão, o GTA contava com 10 pilotos, todos treinados e do efetivo da Polícia Militar, Polícia Civil e Corpos de Bombeiros. Simplesmente nove foram afastados da função. Restou apenas no trabalho Rejane Batista.

Entra o contrato com PRM. A empresa, esclareça-se, tinha tentado contrato no governo José Reinaldo Tavares sem êxito, em 2006. A proposta, que não vingara, previa os mesmos itens, ou seja, só a aeronave. Combustível, hangaragem e tripulação ficavam por conta do Estado.

Só que no Governo Roseana Sarney, com Aluízio Mendes, a PRM conseguiu a vantagem de alugar as aeronaves e ainda incluir os pilotos. Por que gastar dinheiro com um pacote que incluía pilotos (policiais de outros Estados licenciados e contratados pela PRM) se o Maranhão tinha policiais treinados e já trabalhando?  

Mas as suspeitas passam para o escândalo quando toma-se conhecimento de que mais dois helicópteros foram contratados pela Secretaria de Saúde, na gestão do secretário-cunhado Ricardo Murad. Os dois helicópteros foram contratados para prestar serviço na área de Saúde. O problema é que nenhum deles foi adaptados para ao serviço a que foram contratados.

Dados de Auditoria da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), ainda não divulgados, mas a que o blog teve acesso, comprovam que as duas aeronaves contratadas pela Saúde não estão equipadas para os serviços que deveriam prestar. Sequer contam com macas.

Roseana Sarney alardeia em propaganda que adquiriu, por meio de convênio com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), um helicóptero. Mais uma inverdade. O convênio foi celebrado em 2008, quando o governador era Jackson Lago (PDT) e a secretária de Segurança era Eurídice Vidigal.

Aluízio Mendes, em relatório do GTA, aparece como um dos pilotos. Mais uma ilegalidade. Além de não ser PHC, o que lhe permitiria pilotar um helicóptero do GTA, a habilitação do secretário-adjunto de Inteligência encontrava-se vencida. No Relatório de Acompanhamento de Execução de Convênio (que o Governo Roseana dava prosseguimento ao convênio feito no Governo Jackson), o nome de Aluízio Mendes desaparece. Mais grave: pilotos que haviam sido afastado a partir de abril, quando Roseana assumir, encontram-se na lista.

Mas as irregularidades prosseguem. No dia 7 de maio de 2009, Roseana Sarney nomeou Lorenzo Ruiz, em cargo de comissão, piloto. Só que há um pequeno problema: Lorenzo nunca foi piloto habilitado pela ANAC. Sempre exerceu a profissão de mecânico.

Parece pouco, se é que tudo relatado acima possa ser pouco. Só que tem mais e mais grave. 
    
Roseana Sarney faz campanha de reeleição num helicóptero. Adivinhem a quem pertence o helicóptero. Isso mesmo, a PRM. A mesma que ganhou o contrato com o Governo do Estado. Para completar o uso do Estado que a famiglia não abre mão, o piloto da aeronave é um militar que não está licenciado. Irregularidade ainda mais grave e que num Estado em que a Justiça Eleitoral fosse minimamente séria, transformaria a filha do coronel em inelegível.

Fonte: Blog do Kenard

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