Aluízio Mendes Filho é figurinha carimbada do clã Sarney. Depois
virou presença constante das páginas policiais, como veremos mais
adiante. Policial Federal, optou por ser uma espécie de factótum da
famiglia. Faz de tudo um pouco, inclusive transformar-se em espião de
sua própria corporação para tentar salvar Fernando Sarney de
investigações e da prisão.
Não pode reclamar. Como segurança do capo Sarney obteve algumas
vantagens. O diabo é a imprensa (que segundo Zé Dirceu tem liberdade
excessiva no Brasil), essa estraga prazeres. Não fosse pela imprensa e a
estudante Gabriela Aragão Guimarães Mendes ainda estaria como
funcionária fantasma do Senado. Ela foi nomeada por Agaciel Maia como
assessora parlamentar do gabinete de Sarney. No entanto, dava expediente
como estagiária na Caixa Econômica Federal. Gabriela, conforme o
sobrenome, é filha de Aluízio Mendes.
Quando Roseana Sarney assumiu o governo do Maranhão, Aluísio Mendes
Filho foi remanejado de Brasília para São Luís e nomeado
secretário-adjunto de Inteligência da Secretaria Estadual de Segurança
Pública, o que lhe colocou no colo o sistema de grampos do órgão.
O jornal O Estado de S. Paulo, em matéria publicada nesta semana, diz
o seguinte: “Sarney é ainda apontado como suspeito de ordenar a
contratação de um helicóptero para o Grupo Tático Aéreo (GTA), contrato
que o assessor jurídico afirma ser “absurdo” e fraudulento. O gasto com o
aluguel do helicóptero chega a R$ 300 mil mensais, incluindo despesas
pagas pelo Estado como combustível e salário dos pilotos. No depoimento,
Lima afirmou que “Aldo não tem influência sob o contrato do helicóptero
GTA” e que acredita que o caso seria “diretamente” com Sarney”.
O que o jornal não disse é que Aldo Ferreira, ex-superintendente da
Polícia Federal do Amapá, transformado depois em Secretário de Segurança
e agora preso sob suspeita de corrupção, é muito ligado a Aluízio
Mendes. O leitor descobrirá, ao longo da matéria, que o esquema que
gerou corrupção e prisão na Secretaria de Segurança do Amapá tem
vínculos indiscutíveis com o do Maranhão.
Por exemplo: foi Aluízio Mendes quem criou o Grupo Tático Aéreo (GTA)
do Amapá, mesma fórmula e mesmo nome do do Maranhão. Mas não fica por
aí.
O gasto com aluguel que o assessor jurídico em depoimento afirmou ser
um absurdo, tinha como beneficiária a empresa do Rio Grande do Sul PMR
Táxi Aéreo e Manutenção Aeronáutica S.A. Mesma empresa que no Maranhão
substituiu a Flyone quando Roseana Sarney assumiu o governo e Aluízio
Mendes se transformou em secretário-adjunto de Inteligência da
Secretária de Segurança do Maranhão.
Em abril de 2009, quando o TSE presenteou Roseana Sarney com o
Governo do Maranhão, o GTA contava com 10 pilotos, todos treinados e do
efetivo da Polícia Militar, Polícia Civil e Corpos de Bombeiros.
Simplesmente nove foram afastados da função. Restou apenas no trabalho
Rejane Batista.
Entra o contrato com PRM. A empresa, esclareça-se, tinha tentado
contrato no governo José Reinaldo Tavares sem êxito, em 2006. A
proposta, que não vingara, previa os mesmos itens, ou seja, só a
aeronave. Combustível, hangaragem e tripulação ficavam por conta do
Estado.
Só que no Governo Roseana Sarney, com Aluízio Mendes, a PRM conseguiu
a vantagem de alugar as aeronaves e ainda incluir os pilotos. Por que
gastar dinheiro com um pacote que incluía pilotos (policiais de outros
Estados licenciados e contratados pela PRM) se o Maranhão tinha
policiais treinados e já trabalhando?
Mas as suspeitas passam para o escândalo quando toma-se conhecimento
de que mais dois helicópteros foram contratados pela Secretaria de
Saúde, na gestão do secretário-cunhado Ricardo Murad. Os dois
helicópteros foram contratados para prestar serviço na área de Saúde. O
problema é que nenhum deles foi adaptados para ao serviço a que foram
contratados.
Dados de Auditoria da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), ainda
não divulgados, mas a que o blog teve acesso, comprovam que as duas
aeronaves contratadas pela Saúde não estão equipadas para os serviços
que deveriam prestar. Sequer contam com macas.
Roseana Sarney alardeia em propaganda que adquiriu, por meio de
convênio com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), um
helicóptero. Mais uma inverdade. O convênio foi celebrado em 2008,
quando o governador era Jackson Lago (PDT) e a secretária de Segurança
era Eurídice Vidigal.
Aluízio Mendes, em relatório do GTA, aparece como um dos pilotos.
Mais uma ilegalidade. Além de não ser PHC, o que lhe permitiria pilotar
um helicóptero do GTA, a habilitação do secretário-adjunto de
Inteligência encontrava-se vencida. No Relatório de Acompanhamento de
Execução de Convênio (que o Governo Roseana dava prosseguimento ao
convênio feito no Governo Jackson), o nome de Aluízio Mendes desaparece.
Mais grave: pilotos que haviam sido afastado a partir de abril, quando
Roseana assumir, encontram-se na lista.
Mas as irregularidades prosseguem. No dia 7 de maio de 2009, Roseana
Sarney nomeou Lorenzo Ruiz, em cargo de comissão, piloto. Só que há um
pequeno problema: Lorenzo nunca foi piloto habilitado pela ANAC. Sempre
exerceu a profissão de mecânico.
Parece pouco, se é que tudo relatado acima possa ser pouco. Só que tem mais e mais grave.
Roseana Sarney faz campanha de reeleição num helicóptero. Adivinhem a
quem pertence o helicóptero. Isso mesmo, a PRM. A mesma que ganhou o
contrato com o Governo do Estado. Para completar o uso do Estado que a
famiglia não abre mão, o piloto da aeronave é um militar que não está
licenciado. Irregularidade ainda mais grave e que num Estado em que a
Justiça Eleitoral fosse minimamente séria, transformaria a filha do
coronel em inelegível.
Fonte: Blog do Kenard
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