quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

PF liga Arruda também à ‘Operação Castelo de Areia’



Dois escândalos políticos ardem no noticiário. Num deles, o panetonegate, José Roberto Arruda é protagonista.

Noutro, o castelo de areia da Camargo Corrêa, o governador do DF passa a figurar como coadjuvante.

Descobriu-se que o nome de Arruda consta de planilha apreendida pela Polícia Federal na casa de um executivo da construtura.

O documento é peça central do inquérito que perscruta obras públicas tocadas pela empreteira.

Associa canteiros de obras da Camargo Corrêa a doações que a empresa teria feito a políticos por baixo da mesa.

Em notícia levada às páginas do Estadão, o repórter Fausto Macedo conta o seguinte:

1. A folha de número 54 da planilha anota, sob o título "diversos", nove registros de pagamentos feitos pela Camargo Corrêa.

2. Os repasses foram grafados em moeda norte-americana: US$ 928,7 mil no total.

3. Dos nove apontamentos oito referem-se a verbas supostamente borrifadas nas arcas de "campanhas políticas" de Brasília, São Paulo e Bahia.

4. Uma das anotações da planilha traz a data de 8 de setembro de 1998. A seguir, a inscrição "camp. política Brasília-Arruda".


5. Adiante do sobrenome do governador ‘demo’ de Brasília, o valor da doação: US$ 80.496. A planilha faz a conversão para reais: R$ 103.840.

6. Nos dias 14 de setembro e 13 de novembro de 1998, mais dois apontamentos. O destionatário é, de novo, “Arruda”. No primeiro, US$ 157.790 (R$ 205.127). No segundo US$ 399.360 (R$ 499,2 mil).

7. Tudo somado, Arruda teria se servido, em 1998, de US$ 637,6 mil em "panetone$" da Camargo Corrêa. Naquele ano, ele disputou, sem sucesso, o governo do DF.

Procurado, Arruda mandou a assessoria dizer que não se lembra de doações da Camargo Corrêa à campanha de 98. Se ocorreram, acrescentou, estão registradas e não vieram em dólares.

A construtora se diz estarrecida com os vazamentos de dados do inquérito. Reitera o caráter legal das doações que faz a políticos.

A planilha em que o nome do governador é mencionado foi recolhida numa batida policial na casa de Pietro Bianchi.

Vem a ser um dos executivos da empreiteira que se encontram sob investigação na Operação Castelo de Areia.

Para a PF, o documento atribuído a Bianchi sugere a existência de um caixa paralelo na Camargo Corrêa.

Por essa caixa registradora clandestina passariam as verbas repassadas à sombra para mais de 200 políticos e autoridades.

O documento já foi remetido pelo Ministério Público Federal de São Paulo à Procuradoria-Geral da República, em Brasília.

Cabe ao procurador-geral Roberto Gurgel requerer, se achar que é o caso, o aprofundamento de investigações contra pessoas que dispõem do chamado privilégio de foro.

No caso de Arruda, o foro é o STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ali já corre o inquérito do panetonegate, também chamado de mensalão do DEM.

Confirmando-se as novas suspeitas, Arruda passa a frequentar não um, mas dois escândalos.

A unir as duas encrencas, o mesmo relacionamento promíscuo de políticos com empresas que transacionam com o poder público.

Blog do Josias de Souza

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